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O potencial terapêutico dos canabinoides para pacientes com diabetes

Diabetes é um grupo de condições metabólicas crônicas, todas caracterizadas por níveis elevados de glicose no sangue resultantes da incapacidade do organismo de produzir insulina ou devido à resistência à ação da insulina, ou ambos. Esse grupo de condições pode ser subdividido em 4 tipos clinicamente distintos: tipo 1, que resulta da destruição autoimune das células beta do pâncreas e é caracterizada pela completa falta de produção de insulina; tipo 2, que se desenvolve quando há um aumento anormal da resistência à ação da insulina e o organismo não consegue produzir insulina suficiente para superar a resistência; diabetes gestacional, que é uma forma de intolerância à glicose que afeta algumas mulheres durante a gravidez; e um grupo de outros tipos de diabetes causados ​​por defeitos genéticos específicos da função das células beta ou ação da insulina, doenças do pâncreas ou drogas ou produtos químicos.

 

As complicações diabéticas têm um grande impacto físico, emocional e econômico pois o diabetes é a principal causa de insuficiência renal, amputação não traumática de membros inferiores e novos casos de cegueira. Ainda, a hiperglicemia, causada por falta de insulina ou resistência à insulina, desencadeia danos nos tecidos. A maioria das complicações diabéticas estão associadas a alterações patológicas na parede vascular, sendo a aterosclerose a complicação macrovascular mais comum, que aumenta o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença arterial periférica, enquanto as complicações microvasculares estão relacionadas à nefropatia, retinopatia e neuropatia periférica. 

 

O CBD, também chamado de canabidiol, é o constituinte não psicotrópico mais abundante da planta Cannabis sativa e foi comprovado através de estudos e pesquisas que exerce efeitos protetores em vários modelos de doenças, incluindo diabetes e complicações diabéticas. O canabidiol é bem tolerado e com reduzidos efeitos adversos quando administrado a longo prazo em humanos. 

 

O CBD reduziu a incidência de diabetes e também foi capaz de melhorar algumas condições da doença quando administrado no momento do desenvolvimento dos sintomas iniciais de diabetes em camundongos diabéticos não obesos. 

 

Controles precisos de glicose, pressão arterial e lipídios plasmáticos, bem como práticas de cuidados preventivos, são eficazes na redução do número de complicações em pacientes com diabetes. O CBD comprovadamente atenuou a inflamação, o estresse oxidativo, a morte celular, a disfunção miocárdica e a fibrose em um modelo de cardiomiopatia diabética.

 

O diabetes também é a principal causa de novos casos de cegueira e cegueira evitável entre adultos. A inflamação vascular e a morte das células endoteliais causadas pelo estresse oxidativo e nitrativo são características da retinopatia diabética. O CBD foi capaz de reduzir o estresse oxidativo, inflamação, morte celular e hiperpermeabilidade vascular associada ao diabetes. Os efeitos protetores do canabidiol na morte das células da retina foram, pelo menos em parte, devido à redução da nitração da tirosina da glutamina sintase nas células macrogliais.

 

Inúmeros estudos têm sido realizados sobre o tratamento do diabetes com canabinoides, em especial, com aqueles que são desprovidos de efeitos psicotrópicos como o CBD, e que possuem potentes propriedades anti-inflamatórias e/ou antioxidantes, sendo observadas melhoras com relação à doença e às complicações diabéticas.

 

Referências:

Deshpande, A. D., Harris-Hayes, M., & Schootman, M. (2008). Epidemiology of diabetes and diabetes-related complications. Physical therapy, 88(11), 1254-1264. DOI: https://doi.org/10.2522/ptj.20080020

Horváth, B., Mukhopadhyay, P., Haskó, G., & Pacher, P. (2012). The endocannabinoid system and plant-derived cannabinoids in diabetes and diabetic complications. The American journal of pathology, 180(2), 432-442. DOI: 10.1016/j.ajpath.2011.11.003