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Tratamento da doença de Parkinson com canabidiol (CBD).

O tratamento atual da doença de Parkinson é paliativo (alivia os sintomas, mas não cura a doença) e incapaz de modificar a progressão da neurodegeneração. Tratamentos que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes com menos efeitos colaterais são necessários; e na última década, o canabidiol (CBD) recebeu considerável atenção de pesquisa relacionada a essa doença.

A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo que afeta os neurônios produtores de dopamina, que é responsável por controlar o movimento, respostas emocionais e capacidade de sentir prazer e dor. A falta de dopamina, característica dessa doença, pode causar tremores, lentidão nos movimentos, rigidez nos membros, problemas para caminhar e no equilíbrio e instabilidade postural. Alguns sintomas não motores da doença de Parkinson incluem apatia, depressão, constipação, distúrbios do sono e de humor e fadiga, entre outros. A causa de doença de Parkinson ainda é incerta.

Em um ensaio clínico, comandado por pesquisadores do Departamento de Neurociência de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, foram avaliados 21 pacientes com a doença de Parkinson sem demência ou comorbidades psiquiátricas. Os participantes foram divididos em três grupos de sete indivíduos cada um, que foram tratados com placebo, canabidiol (CBD) 75 mg/dia ou CBD 300 mg/dia. Uma semana antes do estudo e na última semana de tratamento, os participantes foram avaliados em relação à pontuação de sintomas motores e gerais, bem-estar e qualidade de vida e possíveis efeitos neuroprotetores. Os resultados apontam para um possível efeito do CBD na melhoria das medidas de qualidade de vida em pacientes com doença de Parkinson sem comorbidades psiquiátricas. Foram encontradas melhorias significativas nas medidas de bem-estar de pacientes com doença de Parkinson tratados com CBD 300 mg/dia em comparação com um grupo que recebeu placebo. Não foram observadas diferenças entre os grupos no que diz respeito às outras medidas, incluindo-se o escore motor.

A qualidade de vida é uma medida importante em ensaios clínicos porque se refere à uma série de áreas relacionadas ao bem-estar pessoal. Sabe-se que muitas terapias são capazes de melhorar os sintomas centrais de uma determinada doença sem as correspondentes melhorias na qualidade de vida. A redução da pontuação do quesito “bem-estar e qualidade de vida”, observada no grupo de pacientes tratados com CBD 300mg/dia em comparação com a variação média do grupo placebo, parece estar relacionada principalmente com o fator “atividades de vida diária”. Porém, a relação com os fatores “bem-estar emocional” e “mobilidade” também tendeu a ser estatisticamente significativa.

A qualidade de vida é uma medida importante em ensaios clínicos porque se refere à uma série de áreas relacionadas ao bem-estar pessoal. Sabe-se que muitas terapias são capazes de melhorar os sintomas centrais de uma determinada doença sem as correspondentes melhorias na qualidade de vida. A redução da pontuação do quesito “bem-estar e qualidade de vida”, observada no grupo de pacientes tratados com CBD 300mg/dia em comparação com a variação média do grupo placebo, parece estar relacionada principalmente com o fator “atividades de vida diária”. Porém, a relação com os fatores “bem-estar emocional” e “mobilidade” também tendeu a ser estatisticamente significativa.

Durante um estudo piloto aberto realizado em pacientes com doença de Parkinson evidenciou-se que doses orais de CBD variando de 150-400 mg/dia, combinadas com agentes antiparkinsonianos clássicos, reduziram os sintomas psicóticos avaliados por diferentes escalas, sem influência nos sinais cognitivos e motores e sem efeitos colaterais graves.

Ainda, vários experimentos in vitro demonstraram efeitos neuroprotetores promissores do CBD em modelos de doença de Parkinson. Em um destes modelos, o CBD aumentou a viabilidade celular, a diferenciação e a expressão de proteínas axonais e sinápticas, por exemplo.

Apesar de mais estudos serem necessários sobre o tratamento da doença de Parkinson com o CDB, o composto já está sendo considerado em muitas pesquisas como promissor no controle dos sintomas e na neuroproteção.

 

Referências:

CHAGAS, Marcos Hortes N. et al. Effects of cannabidiol in the treatment of patients with Parkinson’s disease: an exploratory double-blind trial. Journal of Psychopharmacology, v. 28, n. 11, p. 1088-1098, 2014. https://doi.org/10.1177/0269881114550355

FERREIRA-JUNIOR, Nilson C. Et al. Biological bases for a possible effect of cannabidiol in Parkinson’s disease. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 42, p. 218-224, 2019. https://doi.org/10.1590/1516-4446-2019-0460 KIM, Helen; ZHANG, Sharon; SIN, Mo-Kyung. Cannabidiol (CBD) Consideration in Parkinson Disease. The Journal for Nurse Practitioners, 2022. https://doi.org/10.1016/j.nurpra.2022.04.006